Saúde de Penha não tem vacina contra meningite, indicada para crianças de 3 a 5 meses

Atualizada às 16h06min

A vacina meningocócica C, indicada para crianças de 3 a 5 meses, e com reforço aos 12 meses, está em falta na saúde pública de Penha. O problema da escassez da imunização, no entanto, não está ligada à gestão municipal. O laboratório produtor da vacina, a Fundação Ezequiel Dias (Funed), localizado em Belo Horizonte/MG, atrasou as entregas e todos os estados do país estão com problema no abastecimento da meningocócica C; os casos mais críticos são os de Santa Catarina, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins.

Uma moradora do Centro de Penha procurou a reportagem do Notícias de Penha para reclamar da situação. Ela foi ao posto central, onde foi informada do problema. Contudo, conseguiu imunizar a filha em Balneário Piçarras. “Se o problema é em todo lugar, porque tem na cidade vizinha e em Penha não?”, questionou a moradora, que pediu para não ser identificada.

De fato, Balneário Piçarras ainda tem a vacina disponível, porém não faz estoque. Lá é feita uma programação baseada em dados do IBGE. O recebimento de vacinas ocorre de acordo com a demanda mensal, que é repassada via sistema para a Secretaria de Estado da Saúde, que faz a gestão e distribuição para todos os municípios de Santa Catarina. “Como o sistema é todo informatizado, o estado consegue ter o controle da quantidade de vacinas que é utilizada mensalmente e envia conforme demanda”, explicou a assessoria de imprensa de Balneário Piçarras.

O Notícias de Penha também consultou a prefeitura de Navegantes. A secretária de Saúde, Marluza Trevisan, informou que a vacina meningocócica C está disponível em algumas Unidades Básicas de Saúde, mas não informou quais. “É para atender a demanda do nosso município”, disse a secretária.

Cota menor em julho

Segundo a prefeitura de Penha, o governo do Estado, responsável por gerir e distribuir as vacinas repassadas pelo governo federal, enviou aos municípios catarinenses 36% da cota prevista para julho Por enquanto não há previsão de reposição 100% da cota da vacina meningocócica em Penha, que já usou a parte enviada pelo estado. “A expectativa é que em agosto sejam enviadas algumas doses”, destacou a prefeitura.

A Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC) informou não ter doses da vacina armazenadas na Central Estadual de Rede de Frio para serem distribuídas. Por isso, a Dive orienta que as equipes municipais de atenção primária e de imunização mantenham um cadastro de crianças que ainda devem receber a vacina, para posteriormente serem resgatadas, atualizando a carteira de vacinação. No estado, são aplicadas em média 30 mil doses de meningocócica C por mês.

Não se manifestou

Notícias de Penha entrou em contato com o laboratório produtor da vacina, a Fundação Ezequiel Dias (Funed). Porém, a fabricante não respondeu o e-mail enviado pela reportagem.

Versão do laboratório

O laboratório Fundação Ezequiel Dias (Funed) se manifestou após a publicação desta reportagem. Leia abaixo a nota que a fundação enviou ao NP.

“Desde 2010, quando a vacina Meningocócica C Conjugada foi incluída no Calendário Nacional de Vacinação, a Fundação Ezequiel Dias (Funed), laboratório público oficial fornecedor exclusivo do referido produto, tem suprido de forma satisfatória a demanda nacional das campanhas de vacinação, surtos e estoque estratégico.

Entretanto, devido a problemas atípicos na cadeia produtiva e logística, o suprimento da vacina Meningocócica C não atingiu os quantitativos programados para os três últimos meses, com consequente impacto no abastecimento e disponibilização para a população. Ressaltamos que esse cenário é temporário e que a situação já vem sendo regularizada, com a entrega de 1,2 milhão de doses da vacina ao Ministério da Saúde neste mês de julho e previsão de regularização total no próximo mês de agosto.

As vacinas são encaminhadas pelo ministério da saúde ao estado, que por sua vez, por meio das regionais de saúde, encaminha as vacinas para as secretarias municipais de saúde. Para saber sobre quantitativo de vacinas (se há faltas ou não, ou se a distribuição das vacinas foi regularizada), você deve entrar em contato com a secretaria municipal de saúde de seu interesse.”

SAIBA MAIS

A meningite

Doença caracterizada pela inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal.

Causas

Causada por bactérias, fungos, vírus, parasitas e até mesmo por processos não infecciosos, como traumatismos. As formas mais comuns são as bacterianas e as virais.

Sintomas

Dor de cabeça, febre, náusea, vômito e rigidez na nuca. Também podem aparecer manchas vermelhas na pele. Em crianças com menos de um ano de idade é preciso atenção redobrada, pois os sintomas nem sempre são muito evidentes. Pode haver, além de febre, moleira elevada ou tensa, rigidez corporal, irritabilidade e inquietação com choro persistente e até mesmo convulsões. Ao notar os sintomas, procure rapidamente um médico.

Transmissão

Geralmente de pessoa para pessoa, pelo contato com secreções do nariz e da garganta. Nos casos virais, também pode ser transmitida por via fecal-oral.

Tipo mais grave

A bacteriana é mais perigosa, pode deixar sequelas (como problemas de visão, motores e de audição) e pode levar à morte. Geralmente, os casos mais graves e fatais são causados pela bactéria meningococo.

Tratamento

Nos casos virais mais leves, pode haver apenas alívio de sintomas. Já nos bacterianos é indicado o uso de antibiótico.

Vacina

Há três tipos de vacinas, que previnem contra diferentes tipos da bactéria meningococo: C, B e ACWY (que protege contra quatro sorotipos da bactéria). Apenas a C está disponível na rede pública, para crianças. As demais podem ser encontradas na rede privada, com preços que variam de R$ 300 (tipo ACWY) a R$ 600 (tipo B) a dose. Como a meningite pode ter várias causas, outras vacinas, como a BCG (contra tuberculose) e a pneumocócica, também ajudam a prevenir a doença.

Prevenção

O mais importante é se vacinar. Além disso, mantenha os ambientes limpos e arejados e, em casos de surtos, evite aglomerações

Fonte: Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Imunizações