É trabalho que chama?

Pensei que seria fácil escrever sobre o Dia do Trabalhador, já que trabalho desde os meus 14 anos. Mas não é.

Especialmente porque sei que hoje vivo uma situação muito diferente da grande maioria dos trabalhadores brasileiros. Amo o que eu faço, trabalho com pessoas incríveis, sou responsável pela minha jornada de trabalho e ganho de acordo com o meu desempenho. Mas eu preciso compartilhar com você que é uma escolha que eu fiz nos últimos anos e preciso bancar diariamente. Não estou dizendo que é fácil.

Comecei como assistente da assistente e ganhei por um tempo R$ 50 por mês.  Fiz inúmeros cafés, limpei quando precisava limpar, organizei, atrasei o que não gostava de fazer, aproveitei da autonomia para mudar, melhorar e ajudar.

Chorei nos dias de chuva enquanto saia do ônibus e o guarda-chuva nada me cobria. Chorei tantos outros dias, de soluçar, do cansaço, da angústia, da dureza que é se perguntar se um dia a vida ficaria melhor. Mas gritei e vibrei em outros dias com cada pequena vitória. Levantei os braços e cerrei os punhos como quando um jogador de futebol faz um gol.  E o melhor: eu plantei, cultivei e vi crescer cada uma delas.

Minhas conquistas são tão minhas que você não faz ideia! Não ignoro toda a energia boa, a torcida e as pessoas que me ajudaram, até porque elas sabem disso.

Quando fui mãe aos 19, meu salário de estagiária era de R$ 380 por meio período. Desses R$ 90 eram o plano de saúde do meu filho. Nunca economizei tanto. Guardava para comprar mais barato pagando à vista. Mal sabia eu que os períodos de menor salário, seria a época que garantiria a entrada no sonho da casa própria. Um apartamento pequenininho, mas com sacada e parquinho.

Nessa mesma época me tornei sócia da empresa que ainda colaboro.

Em 2016 fiz o meu ano sabático: não fui ao exterior e nem subi montanhas, fiz a minha carteira de trabalho e vivi duas experiências profissionais que me sacudiram. Melhor parte: do lado de casa.

Uma como servidora pública, o que me encheu de orgulho por ter feito a diferença na vida de centenas de pessoas. E na outra eu conheci o desgaste que a falta de gestão gera e como se perde tempo tentando vigiar e prejudicar as pessoas ao invés de liderar pelo exemplo e pelo trabalho. Mas conheci pessoas incríveis, me diverti e fiz bem feito tudo que estava ao meu alcance.

Dessas porradas todas, mas principalmente por todas as experiências, pessoas e alegrias, quero compartilhar com você que hoje é empregado algumas coisas:

  • Informação é poder! – Sua jornada de trabalho é legal? Seu empregador está depositando seu FGTS e pagando sua previdência? – Em caso de dúvida pergunte ao empregador ou faça contato com o sindicato da categoria;
  • Não perca seu tempo de vida fazendo o que você odeia e sendo infeliz!
  • Eu acredito que VOCÊ PODE ESCOLHER O SEU TRABALHO! Mas para isso você precisa se conhecer melhor, saber o que te faz feliz e o que você faz melhor do que qualquer pessoa no mundo;
  • Se a empresa que você está não te respeita ou não respeita o cliente dela, saia o quanto antes!
  • Mas se você está numa ótima empresa, tem um líder inspirador, recebe um salário justo: aprenda e se desenvolva ao máximo! TODOS OS DIAS. Construa a sua história, deixe seu legado e faça dessa a melhor experiência da sua vida e da vida os que te rodeiam.

E aos empregadores:

  • Se você já foi empregado talvez lembre dos melhores e dos piores dias;
  • Lidere e acompanhe a sua equipe. Os desenvolva sem ter medo de perde-los e garanta com atitudes e comportamentos que os melhores sempre terão seu espaço e serão reconhecidos pelo seu trabalho;
  • Incentive o trabalho em equipe, o bom atendimento e a comunicação clara e objetiva;
  • Garanta uma remuneração justa e jamais ignore as regras trabalhistas. Você projete a sua empresa e seus colaboradores.